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Mostrando postagens de maio, 2019

Húmus

um choro irrompe
rito de passagem
coisa morta e podre que se decompõe e nasce 
outra
sobre a carne redimida em húmus

do pó da noite
nasce uma vontade de viver
adiada pelo sonho de não ser 
efêmera

de ser mais do que o nada
que a gente contempla
como colinas na estrada

II

onde o interior do mundo
se torna
o interior
de mim

eu cavo, e cavo
o meu coração frio
pra descobrir que, no fundo
há um túmulo vazio

ainda velo

minha família que não é minha
minhas escolhas que não são minhas
o meu amor que não é meu

III

enquanto o destino insiste
que por sobre as coisas mortas
cresçam raízes
a ignorar os muros

penso em minhas faltas
como ausências e culpas
que eu posso contar
pelo acúmulo das dúvidas